ele .
Ele. Ele gosta de sombra e eu gosto de sol. Ele é de alto e bom som e eu sou de palavras no papel. Ele é alto e eu sou baixa. Ele é extrovertido, fala pelos cotovelos e eu sou introvertida, de pouca voz. Ele tem um feitio complicado e eu complemento-o ainda mais. Ele é paciente (qb) e eu impaciente. Ele não sabe que tem os defeitos que eu mais admiro, que me conquista de cada vez que me desafia. Ele arrepia só com um olhar. Ele é diferente. Dono de si. Cúmplice de mim. Faz-me ser melhor, a cada dia que passa. Ele não sabe, mas a vida ganha cor com um simples sorriso dele. O errado, acerta-se. O incerto, torna-se certo. E aos poucos, tudo o que era indefinido, torna-se definido, ainda que numa dimensão que não me deixa ser concreta, de tanto que é.
Ele entrou, devagarinho. Eu deixei-lhe a porta entreabaerta, com medo, não a quis abrir na totalidade. Ele soube limpar os pés e entrar. Com cuidado. Trazia serenidade e transmitia-me confiança, sabia do que falava e mal eu sabia, nas conversas em que nos íamos perder. Deixei-o entrar para um café - não queimou, mas chegou a arrefecer... de uma forma inesperada, ele soube (re)aquecer e fazer-me acreditar que o Amor se constrói, grão a grão.
Ele sabe que me mudou e eu não me importo, foi para melhor. Ele sabe que é o meu abraço-casa e Âncora que me guia, numa bússola que me orienta e me leva ao encontro dele. Ele sabe que é Cais, de onde parto e quero sempre voltar. Ele sabe e eu sei. E sabendo, vamos caminhando - lado a lado - ele e eu.